Texto extraído do Romance Nirvana Viagem ao Centro da Alma



Nepal (Himalaia)


(...) — Magníficas! Este era o pensamento principal que

ecoava na mente de Máiquel ao observar a grande cadeia de

montanhas cobertas de gelo. Faltavam poucos minutos para

o amanhecer.

— É o Himalaia... — dizia o homem ao seu lado —. O

que está sentindo é também o que sinto toda vez que viajo

para este lugar... Gosto de assistir ao nascer do sol, como

neste momento., olhe!

O avião inclinou-se um pouco para o lado fazendo com

que os raios de sol incidissem sobre os olhos de Máiquel,

podia ver depois as majestosas montanhas que ao

receberem o clarão do sol, davam a impressão de

adquirirem nova vida, despertando do longo sono cinzento e

gelado.

 
Cidade de Katmandu, 1º Dia


A manhã estava radiante, um sol amigo aquecia-lhe o

corpo enquanto caminhava por uma pequena praça onde

pessoas começavam a chegar e acomodar suas coisas, abrir

suas barracas, as frutas e verduras iam sendo colocadas

aqui e ali. Mais tarde seriam as lojas que abririam suas

portas. Era mais um dia como qualquer outro, na sua rotina

milenar.

Máiquel estava ainda desorientado, viu que se achava

num país estranho, em seguida leu uma placa com o nome

da cidade. Foi caminhando, algumas ideias por esclarecer,

sua mente estava turva, confusa:

— Será que vim de avião? Mas lembro que não quis

roubar os documentos e dinheiro de Méli, isto sei que não

fiz ...

Sua memória já não era a mesma, os últimos

percalços na vida de Máiquel haviam sido implacáveis no seu

poder deletério.

— Eu estive voando sobre o himalaia mas quando?...

Como?...

Um clarão nesse momento incendiou-lhe a visão

interna. Apareceu ante os seus "olhos" o Mestre Aialamih

Lápen:

— Sim, fui eu que o trouxe, Máiquel — a voz falava-lhe

interiormente —. Você esteve esta manhã comigo,

sobrevoamos o Monte Everest, vimos juntos o sol nascer, foi

um espetáculo maravilhoso, não foi? Máiquel, você está aqui

porque você deu o primeiro passo da sua volta, e conquistou

muito mais do que imagina, em seu retorno a si, ao se

esquivar daquele pensamento desumano para com Méli, que

é seu amigo, muito mais do que você imagina. Agora me

vou. Até breve!

— Hei! Hei! — Máiquel gritou.

— Chamou-me, senhor? — falou-lhe a menina que

passava próximo a ele com umas laranjas na mão.

— Hum, bom dia! — Máiquel respondeu.

— Bom dia; parece que está perdido por aqui... Aceita

uma laranja? — Máiquel não recusou, acabou ganhando

outra. Estava faminto.

— Hoje estou com alguma sorte, vejo que você fala a

minha língua, menina!

— Sim! As crianças têm esta facilidade... de aprender

mais rápido. Meu nome é Avish, posso saber o seu?

Acho melhor que deixemos isso para outra hora,

menina, o que mais quero neste momento é saciar minha

fome, olhe como estou faminto? os dois sorriram.

— Tome isto para você, são umas poucas rúpias que

economizei do que meu pai às vezes me dá; só as laranjas

não vão saciar sua fome compre algo para você comer, vai

sentir-se melhor. Agora eu tenho que ir embora, Adeus! —

Ela pôs as moedas nas mãos de Máiquel.

— Oh, muito obrigado, Av... — antes que Máiquel

pudesse completar o nome da menina, ela já desaparecia

entre a multidão.

Máiquel alimentou-se frugalmente, sobrando-lhe uma

moeda; beijou-a dentro da mão fechada, depois a guardou

no bolso; Depois, analisou o estado deplorável em que se

encontrava e relaxou um pouco:

A noite veio encontrá-lo calmo, acomodou-se sob uma

tenda que ficara armada a um canto da praça, cobriu-se com

uns pedaços de papelão (restos de feira), tentou identificar

alguma constelação no céu, mas seus olhos logo se

perderiam na infinidade de estrelas... Adormeceu pensando

em Ródjia. (...)



Texto extraído do Romance Nirvana Viagem ao Centro da Alma

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